Poluição luminosa: O câncer do céu

É óbvio que as cidades precisam de iluminação, mas será que é realmente necessário que essas luzes estejam puxadas para cima? Saia nas ruas nesse momento e constate que a maiorias das lâmpadas jogam luz para todos os lados, inclusive para cima, o que é um desperdício.

Você já percebeu que o céu em uma grande cidade é completamente diferente de cidades do interior? Isso se deve ao fato de que nas grandes cidades, além da poluição atmosférica, colocamos luzes artificiais que se propagam diretamente para o céu, causando o que chamamos de Poluição Luminosa (PL)

A diferença de uma área rural (esquerda) para uma área urbana (direita)

Sem dúvida, iluminação exterior torna possível desenvolver muitas atividades durante a noite, mas é necessário iluminar adequadamente, evitando emissão de luzes diretamente para a atmosfera e regulando para a quantidade necessária que precisamos. Todas a luz que é jogada para cima não é necessário, é um desperdício de energia e de dinheiro, além de corromper os céus de nossas cidades, já que a PL tem como manifestação mais evidente o aumento do brilho do céu noturno, fazendo reflexão e difusão da luz artificial em gases e partículas do ar, de modo a alterar a sua qualidade e as condições naturais, a ponto de fazer desaparecer estrelas e outros objetos celestes.

As melhores formas de se posicionar uma lâmpada

Sobre esse grave problema, ainda temos pouca conscientização social, apesar das numerosas e prejudiciais consequências, como:

1. A perda da biodiversidade, já que alguns processos naturais só podem acontecer durante a noite na escuridão, como por exemplo: repouso, reparação, navegação celestial, predação ou recarga dos sistemas. Por esta razão, a escuridão possui igual importância à luz do dia. É indispensável para um funcionamento saudável dos organismos e de todo o ecossistema.
2. A poluição luminosa pode confundir a navegação animal.
3. O desperdício de energia gerada, fazendo com que agravemos o efeito estufa.
4. Impacto sobre os peixes, as tartarugas, as aves em migração e vários outros animais.
5. Degradação do céu noturno.
6. Danos ao patrimônio cultural e natural, com a perda da percepção do universo e os problemas causados nos observatórios astronômicos.

Soluções

Desde 1980 existem grupos que lutam por essa causa, visando diminuir a poluição luminosa em suas cidades, na Noruega existem leis para os ângulos das lâmpadas. Essas atitudes ajudariam a diminuir a PL:

• Implementar lâmpadas com a luz sendo direcionada para baixo, evitar ao máximo que se propagasse ao espaço.
• Usar lâmpadas de espectro luminoso pouco dispersante e eficientes, como as iluminadas por sódio de alta pressão (PHS).
• Apagar ou regular as luzes ornamentais, monumentais e  de publicidades.
• Proibir o uso de projetores que enviem luz ao céu.

• Reduzir o consumo nos horários de picos, já que esses são bem iluminados por carros. Desligar completamente é desnecessário e impraticável.

Precisamos estar conscientes que a visão da luz das estrelas foi e é uma inspiração para a humanidade e representa um elemento muito importante no desenvolvimento de todas as culturas e civilizações. O nosso céu é uma herança universal e é parte integrante do ambiente da humanidade.
É por isso que em 20 de Abril de 2007, o Instituto de Astrofísica de Canárias promulgou a Declaração de Palma pelo direito de observar as estrelas, que teve apoio da UNESCO.
A televisão também tem seu papel importante, e na Espanha foi veiculado um comercial, confira:

“Apagaria esse sorriso? -- Apagaria essa vida? -- Apagaria sua cor? -- Então, porque apagar o céu? - Há outra forma de iluminar a noite”

Fonte: Astronomia Brasil